O livro "Os Banuk", o décimo terceiro dos dezoito Glifos Analisados, relata, de forma sucinta, sob a visão de Aram Viajado, a sociedade Banuk.
Conteúdo
Um Guia sobre Ban-Ur e os Banuk
escrito por Aram Viajado
Ah, nada como a luz dourada do Sol que ilumina os dias de hoje. Podemos experimentar o mundo inteiro sem sair das ruas de Meridiana, pois os portões estão sempre abertos, e o mundo vem até nós! Ainda assim, ao caminhar pelos mercados, tornei a ouvir perguntas no ar. O que você acha desses Banuk, esses caçadores do norte, estoicos e silenciosos? Esses homens e mulheres do gelo?
Para a infelicidade das minhas investigações, os estrangeiros Banuk raramente ficam em Meridiana o bastante para que eu possa estudá-los a fundo. Acredita-se que o sangue frio deles não se ajusta bem ao calor. Para adquirir esse conhecimento, eu teria que me submeter à provação de viajar com minha pena a tiracolo para a terra natal deles. Então, foi assim que acabei passando uma temporada lastimável vivendo entre os Banuk na gelada Ban-Ur.
Apesar de os Banuk falarem do território deles com reverência, é claramente o lugar mais desconfortável do mundo. Existe beleza sim, geleiras de tons perolados, chafarizes de vapor que irrompem do solo, auroras rodopiantes nos céus, mas o deslumbre se desgasta rapidamente, e a sensação congelante nos ossos permanece. É um domínio da Lua, pois durante o dia Sol é reduzido a um buraco de agulha em meio ao horizonte cinzento, e à noite, a Luz surge quatro vezes maior.
A terra não é acolhedora, e nem os habitantes dela. Vivendo entre um dos "weraks" (um grupo de famílias, mas sem a civilidade de uma casa nobre), aprendi que cada membro deve provar que é capaz de sobreviver sozinho. Estão sempre em busca de desafios, seja nas mandíbulas de uma máquina ou no simples cotidiano deles. Tentei lhes explicar meu ponto de vista: um Carja se depara com um desafio, pensa em uma solução e, depois do desafio superado, dá-se por satisfeito.
Esse conceito os deixou horrorizados. Eles deixaram claro que, quando eu fosse dormir, precisaria cavar a neve para montar minha barraca; quando eu quisesse comer, precisaria caçar minha própria comida. Omiti minha decepção e aceitei; afinal de contas, participei de uma ou duas Provas de Caça quando era jovem. Na terceira manhã, consegui abater um coelho, muito parecido com o que temos na planície, mas com uma penugem branca e felpuda.
Ao apresentar meu prêmio ao werak, recebi apenas olhares indiferentes, até que alguém me indicou que eu precisava limpá-lo e prepará-lo. Leitor, eu lhe pouparei dos detalhes. A experiência quase me fez mudar meus hábitos alimentares para sempre.
Eu mal tinha acabado minha porção sangrenta de coelho quando os Banuk partiram para caçar máquinas com o xamã, um homem com fios de máquina costurados na própria pele (talvez outro desafio, dessa vez à moralidade). Ele afirmou ter sentido espíritos de máquinas por perto e, de fato, os caçadores e eu seguimos os rastros na neve até um rebanho de Cortadores. Os Banuk os eliminaram rapidamente com suas lanças, e eu, tomado por um desejo peculiar de me mostrar útil, comecei a destrinchar uma máquina abatida para remover as peças.
Em vez de elogios, minha iniciativa foi recebida com gritos e xingamentos do xamã, e eu fui levado de volta ao acampamento por uma caçadora mal-humorada. Mais tarde, ela me explicou que é preciso agradecer aos espíritos das máquinas pela caça bem-sucedida, antes que as peças sejam coletadas. Confesso que já estava me desesperando co os ardis da cultura Banuk e sentia falta da certeza das orientações do Sol!
Naquela noite, piedosamente minha última, meus companheiros e outro werak se reuniram sob um céu irretocável para trocar canções, a forma deles de registrar histórias. Alguns entendem glifos, mas optam por não usá-los, argumentando: "O que é uma canção sem vozes?". A essa altura, eu já sabia que não adiantava responder. Meus feitos renderam uma estrofe inteira na canção dos meus companheiros, mas pelo que pude entender, muito se perdeu na tradução. Ainda assim, eles riram muito, e vários deles prometeram me deixar uma marca de despedida Banuk pelo tempo que passamos juntos.
Separei-me do werak perto de Alta Florescência e comecei a descer de volta para Sentinela do Amanhecer, para a civilização sob a glória do Sol. Quanto às marcas de despedida, não achei nada do tipo ao guardar meus pertences congelados. Outro mistério Banuk, talvez, e meu conselho para você, caro leitor, é deixar que esse povo fique com os mistérios deles guardados.
Como achar a partir da fogueira mais próxima
Como achar "Os Banuk"